terça-feira, 18 de junho de 2019

Minha descida do Kilimanjaro


Não, não o monte na África, mas o maior toboágua da América Latina.
Já começa que eu nem queria subir naquilo. Fui dar apoio moral ao Pedro e ao Eduardo e me vi envolvida em toda aquela adrenalina. Depois de andar o equivalente ao caminho de Santiago, e subir tantos degraus quanto a escadaria da Igreja da Penha, há de se convir que se tenha alguma satisfação com todo esse esforço, né? Não, não é! Meu coração ficou batendo altos papos com a minha garganta.
Ao chegar no alto daquilo tudo, e receber todas as instruções da simpática ajudante 😒, sentei na boca daquele cano imenso pensando o que realmente eu estava fazendo ali, e soltei o corpo.
Agora, analisando a sensação, acredito que deva ser aquilo que se sente antes de morrer. Era uma mistura de horror absoluto, com a nítida impressão de ver Jesus estendendo a mão. E isso tudo de olhos bem fechados, por que por nada desse mundo eu ia abri-los.
E a descida começou. Vou tentar descrever. Vc desce, desce, desce, desce e não acaba nunca. E o seu estômago se recusa a se manter no lugar e na temperatura ambiente. Dizer que senti um frio na barriga, é eufemismo. Eu estava sentindo que aquele iceberg que afundou o Titanic tinha se instalado lá. E a descida continuava. Isso sem falar que o maiô todo comportado, orgulho de vovó, foi parar na nuca. E a descida continuava.
Quando eu já tinha desistido de parar de descer e já estava tentando lembrar as poucas palavras que eu conhecia em japonês, senti um movimento suave e deduzi que a descida tinha acabado. Mas foi só uma dedução, por que eu não ia abrir os olhos pra ter certeza. Mas a velocidade se mantinha, então achei que tinha me enganado. Aí, de repente, o chão some das minhas costas e me vejo afundada na água.
Imagine a cena de uma pessoa como eu tentando levantar, mas sem noção nenhuma de como enviar esse comando do cérebro para um par de gelatina que eu um dia chamei de pernas, ao mesmo tempo tentando desenfiar o maiô de onde ele tinha se enfiado sem minha permissão, e tirando o cabelo da boca, nariz, orelha, etc, etc. E ainda de olhos fechados.
Ok, aí eu abri os olhos e ficou um pouco mais fácil coordenar os movimentos.
Saí da água, olhei em volta e com a mais absoluta certeza vinda do âmago do meu ser eu pensei:
 Kilimanjaro, NUNCA MAIS!!!

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